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sábado, 4 de dezembro de 2010

Pena de Morte & a Mídia Sensacionalista

                                                         Datena Sapão & Magno Cão, defendendo o "direito dos manos" aos pedófilos.

Sexta, dia 03/12/2010 fiquei indignado ao ver no Brasil Urgente a exibição de um rapaz de uns 25 anos, da Praia Grande, litoral paulista, casado, que foi julgado, condenado e executado pelo "poder paralelo" diga-se traficantes aqui da baixada. Toda uma vida foi julgada em 10 minutos e o rapaz foi executado. Segue-se esposa dando depoimento que ele nunca faria nada de mal à ninguém, e ainda rumores que tudo não passou de uma brincadeirinha da menina. Talvez quisesse aparecer, talvez o rapaz tenha feito alguns carinhos impróprios, mas nada que valesse uma vida. Mas vá ser julgado por ignorantes que se julgam os bam-bam-bans, até que chegam as forças armadas e se evadem pelos esgotos feito ratos, cambada de fdp. Explorar menores em seus bailes funk pode né, afinal as novinhas querem dar.

Depois Datena aparece com a cara mal lavada de sapo de língua comprida pra tecer seus comentários toscos e inúteis tipo "é, o povo não aceita mais esse negócio de pedofilia". E segue com propaganda daquele político cão homofóbico, que tornou-se um pseudo juiz de pedófilos, o Magno Malta.

Se o "Magno Sanguessuga Malta" pode ser juiz de pedófilos porque um marginal não pode? Se um pateta como o Datena, que acha que recebe a verdade divina por meio de seus repórteres investigadores acha que pode julgar e condenar, porque um marginal não pode? Todos sempre a pedirem por pena de morte pra pedófilos, o que o tráfico está fazendo é bem o que eles ficam incitando na boca do povo: promovendo pena de morte pra pedófilos.

Ainda mais considerando as atuais leis ridículas e mal feitas que punem até mesmo a liberdade de expressão afetiva e sexual de meninos e meninas adolescentes de 12-13 anos, quer se envolvam com alguém com 18 anos ou mais em relações consentidas, a lei não diferencia hoje ato violento de ato consentido: tudo tornou-se “estupro de vulnerável” aos menores com 13 anos e abaixo.

E matem aos pedófilos... E aos estupradores, aos crentes fanáticos, aos loucos violentos, aos psicopatas, aos jornalistas caluniadores, aos políticos vigaristas, aos fofoqueiros de plantão, aos vizinhos enxeridos. Matem enfim a toda uma sociedade ociosa que se deixa levar por programas que se tornaram extensão de nossos quintais e vizinhanças: programas de fofoca policialesca, que julgam, condenam e executam, e volta e meia fazem algum ato social pra lavar suas cagadas fétidas. E matem à burrice; pena capital pra ignorância e corrupção política! Cala a boca Datena!


23/11/2010

Acusado de molestar crianças pode ter sido executado pelo PCC

Santiago Batista dos Santos, de 26 anos, está desaparecido desde o último dia 30 de agosto. Acusado de praticar atos libidinosos com duas crianças, ele sumiu após ser submetido a um julgamento presidido pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), em Praia Grande. Para a Polícia Civil, o rapaz foi executado e teve o corpo ocultado.

Apontadas como participantes do crime, duas pessoas foram capturadas nesta terça-feira. Elas são pais de uma das crianças e tiveram a prisão temporária de cinco dias decretada pela Justiça. Idênticas ordens de captura foram expedidas contra os pais da outra criança, mas eles não foram achados em casa. Agora ameaçados de morte pelo PCC, fugiram para a Capital.

As supostas vítimas dos abusos são uma menina e um garoto. Ambos são primos, têm 6 anos e residem próximo da casa de Santiago. Por causa de boatos de que o homem teria molestado as crianças, ele passou a ser jurado de morte, embora sempre negasse a violência sexual, conforme afirmou a sua mulher.

Leia a matéria completa na edição desta quarta-feira (24/11/2010), em A Tribuna.  


http://www.atribuna.com.br/noticias.asp?idnoticia=67092



segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Em homenagem ao meu amigo, Alceu Rola




 

(Postado originalmente em 22/03/2008, por ocasião da morte de um amigo querido: http://www.flogao.com.br/amormenino/123229275).



Passaram-se 20 dias que um amigo morreu...
Uma pessoa que eu considerava muito, alguém especial. Com mais de 60 anos, de família italiana, muito comunicativo, alegre, jovial, positivo, e sempre de olho nos garotos bonitos que passavam.

Nos últimos anos sentia depressão pela morte da mãe, que ele tão bem cuidou durante todo o final de vida, e ele mesmo não durou muito tempo depois que a mãe se foi.

Costumava me ligar nos finais de semana pra dar um alô, saber as novidades, dos namoros e dos ficantes, e isso faz muita falta. Meu amigo era um cara legal, e conversávamos sempre isso que todo mundo sabe: "pra nós que gostamos de garotos a coisa está cada vez mais preta!". Ele sempre dizia: "se você procura alguém muito novo, com menos de 14 anos, te chamam de pedófilo, se procura alguém acima de 14 corre outros riscos"... E ele sabia bem disso, pois já tinha sido agredido e ameaçado de morte uma vez por um adolescente que alguns idiotas insistem chamar "menor indefeso", mas desta vez não escapou.

Ex diretor de escola, ele era muito admirado em muitas instituições e entidades espíritas pelas palestras que fazia toda semana, e também ajudava muitas destas entidades com doações, e quem o conhecia se surpreendeu com a sua morte.

Foi assassinado como um marginal e praticamente esquecido, o que me revolta! Os familiares que tinha, com os quais não se dava bem, vieram apenas por conta da herança, e aceitaram o laudo de morte natural do pateta do médico legista (que não ia sujar suas mãos com um corpo de um provável indigente não... e tampouco deve ter se informado das condições em que o corpo foi encontrado, pra emitir um laudo assim)... Morte natural? Desde quando é natural ter seu corpo encontrado caido e despido, sobre a cabeça um travesseiro com manchas de sangue e ao lado uma faca também manchada de sangue?!!! Homicídio é morte natural? Talvez pra uma sociedade escrota que insiste em separar cada vez mais adultos, adolescentes e crianças como seres de espécies diferentes, e que macula todos contatos afetivos sexuais entre estas diferentes gerações, o assassínio de um amante de garotos seja "morte natural", mas pra mim nunca vai ser.

Os familiares (irmão e sobrinho) nem se incomodaram com esta pseudo "causa mortis natural" (mesmo com todos os detalhes noticiados no jornal que evidenciam o assassinato), já que pra eles e os demais urubus rapineiros, era mais conveniente assim por questões dos trâmites legais.

De início houve grande confusão, pois o apto. onde ele foi encontrado estava no nome do ex dono, e por pouco ele não foi enterrado como indigente. Sobrou a parte desagradável pra mim e pra outra amiga: reconhecer o corpo no IML. Nada reconhecí­vel, pois foi encontrado uns 5 dias após a morte, então tiveram que fazer DNA.

O que me deixa mais emputecido é que os familiares, que eu me dei ao trabalho de procurar e avisar, no estado do Paraná, não tiveram a mínima consideração nem de me avisar o dia do enterro! Vejam só: eu comuniquei o provável falecimento e eles nem me chamaram ao enterro... E eu até sei porque: quando eu avisei que havia um corpo no IML pra ser identificado, insisti que deveria ser solicitado novo laudo ao legista, já que as condições em que o corpo foi encontrado deixam claro que não foi morte natural. Assim eles sabiam que eu não deixaria quieto o fato de ter sido dada causa mortis natural com todos os indícios que evidenciam um homicídio.

Eu sei que esta postagem não é muito agradável, mas é só estar vivo pra morrer, e se eu soubesse de alguma forma que meu amigo teria tão poucos meses de vida neste ano de 2008 por certo teria procurado compartilhar com ele mais e melhores momentos.

Mas eu sou assim que nem vocês, que nem todo mundo, vivendo nesta vida louca onde às vezes só se percebe que tudo e todos tem um fim quando já é tarde demais.

Um grande abraço carinhoso pra você meu amigo no além, pois eu sei que está em um lugar melhor que nós aqui.

Essa postagem é em sua homenagem, meu amigo Alceu Rola, eternamente.

 

 

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Abusos da Palavra & Estigmatização Social (Parte 2)


Quem foi Márcio Lopes dos Reis, 
o “Mágico Aladin” de São Vicente?

Vídeo foto em homenagem ao inesquecível amigo e irmão, Márcio Lopes dos Reis do Parque Prainha (19/03/1979 a 31/03/2009).

 

Aquele moleque, sobrevive como manda o dia-a-dia, 
Tá na correria, como vive a maioria, 
Preto desde nascença, escuro de sol, 
Eu tô pra ver ali igual, no futebol, 
Sair um dia das ruas é a meta final 
Viver decente, sem ter na mente o mal. 
(Racionais Mc’s) 

Márcio Lopes dos Reis, nome do homem-menino, menino de rua vindo do centro de São Paulo, ex-detento, meu melhor amigo, meu sócio em minha pequena empresa, pessoa sempre esforçada em progredir, trabalhar e crescer, honesto e digno, grande homem. Sempre ao meu lado na labuta, como estoquista, recebendo mercadoria pra empresa, conferindo, organizando, separando pedidos, e como motorista mantendo o carro em funcionamento, fazendo as entregas, saindo comigo nas visitas aos clientes de uma a duas vezes por semana e fazendo ocasionalmente pagamentos no banco. Já como pai, separado de Juliana, estava constantemente preocupado em conseguir a estabilidade necessária, pra oferecer ao seu filho Ray uma vida decente e digna, diferente da que teve quando criança pelas ruas. Estabilidade esta que infelizmente ainda não havíamos conquistado, em menos de 5 anos de atividades da empresa.

Seria lembrar pra chorar, ver alguém que eu muito amo partindo, e pra sempre. Um caminho sem volta, rumo à Deus. De menino adolescente quando o conheci, eu vi este garoto crescer, tornar-se homem, tornar-se pai, e eu o vi morrer. Ainda um menino, menino-homem, a gente sente no coração, lê nos olhos, os valores e os sentimentos que as pessoas trazem consigo.

Se permitem ao poeta, ao louco visionário, mas são e íntegro que sou, de tristeza ele se deixou levar: os estigmas do HIV e da AIDS são dos piores já construídos sobre a humanidade, e palavras matam sim. Mentiras matam aos poucos. Misture eficientemente mentiras e verdades, e não há quem desvende essa trama.  

A estigmatização social pela qual passa uma pessoa que se descobre infectada pelo HIV é mortal. Certamente que há o vírus HIV e ele ataca sim o sistema de defesa humano, mas a ação dele só começa a se efetivar e causar danos após a perda destas defesas orgânicas.

E se há um fato que parece ser negligenciado por muitos médicos é o de que nossas células de defesa, os linfócitos, são extremamente sensíveis à alegria e à tristeza. São comprovados os aumentos de linfócitos em pacientes tratados com antidepressivos naturais, como a Erva de São João (Hypericum perforatum), entretanto erva oficialmente contraindicada a pacientes em terapia antiretroviral (nome dado aos coquetéis químicos que impedem a reprodução do vírus HIV). Mas é certo que de tristeza, isolamento e depressão, compõe-se o cenário onde a morte ronda.

Entre o final de 2008 e janeiro de 2009, Márcio sem saber, já estava enfim com sua contagem de linfócitos totais muito baixa, cerca de 200/mm³ de sangue. Quantidade que torna qualquer pessoa sujeita a ver evoluir como ameaça ao seu corpo, as mais simples infecções. Em seu organismo sem defesa eficiente, desenvolveu-se uma simples candidíase, que se alastrou até o esôfago e estômago, de forma que ele sentia dor e ardência até ao beber água. Não conseguia mais se alimentar direito, e apesar de ter fome, foi emagrecendo aos poucos. Quando muito magro, mal conseguindo se movimentar de fraqueza, resolveu enfim ir à uma unidade de saúde, onde fez um teste rápido, o Elisa, que constatou o vírus HIV.

Lhe acompanhei a um infectologista de São Vicente, que pediu um teste de contagem de linfócitos CD8, mas vendo sua situação, linfócitos totais baixos + candidíase avançada,  prudentemente já lhe prescreveu de imediato o uso de antiretrovirais, mais um antibiótico pra candidíase.

Márcio insistia ao médico que tossia muito a noite e que já havia se tratado de tuberculose nos anos anteriores, assim o médico pediu um exame PPD pra verificar se havia recidiva da tuberculose, que acabou não constatando nada. Lhe deram os medicamentos prescritos, e o instruíram quanto ao uso, de forma rápida.

Paralelamente, após janeiro de 2009, quando descobri que ele temia pelo HIV, passei a estudar mais a fundo tudo que podia sobre o tema pela internet. Como sempre fui meio desconfiado com relação ao coquetel (antiretrovirais), aconselhei-o a não tomar, pois provocavam dependência orgânica, inúmeros efeitos colaterais, causando até outras doenças e disfunções orgânicas com o tempo, segundo a própria bula. E busquei por alternativas naturais, pesquisando a fundo nos trabalhos da Dra. Mary G. Enig* e no site lauric.org, a maior autoridade mundial no uso do ácido láurico no HIV e em diversas doenças, e checando diversas evidências positivas de que este ácido graxo dissolveria a membrana lipídica que envolve o vírus HIV, tornando-o inofensivo ao sistema imunológico humano.

Márcio levou os antiretrovirais pra sua casa, e temendo por seu estado de saúde deteriorado, passou a tomá-los todos, seguindo as prescrições médicas. Porém não conseguiu dar continuidade: entre os dias 28 a 31/01/2009, tomando os remédios prescritos, Márcio sentia-se muito mal, com urina retida (levando muito tempo pra conseguir urinar pouco), formigamentos pelo corpo, cansaço, fraqueza, veias dilatadas na cabeça, etc. Assim uma noite, 1-2 dias após começar o uso dos antiretrovirais, me chamou em sua casa e comunicou que resolveu suspender o uso do coquetel, ao que lhe dei meu apoio, continuando o uso do antibiótico pra candidíase.

Convenci-o a iniciar um período de experiência com o ácido láurico presente naturalmente no óleo de coco extra virgem (quase 40% de sua composição). Dose diária: 3 a 4 colheres de sopa do óleo natural diluídos no alimento, ou puras conforme melhor aceitação, que somam cerca de 20 ml de ácido láurico em 50 ml de óleo.

Em poucos dias, com a candidíase recuando, Márcio voltou a se alimentar e a se fortalecer, comprou uma bicicleta e passamos a sair por vezes pedalando. Aos poucos voltamos também à rotina de trabalho externo, saindo de uma a três vezes por semana de carro. Ele tomava diariamente pelo menos 3 colheres de sopa do óleo de coco, e eu também adicionava em vitaminas de frutas nos dias em que saíamos pra trabalhar.

Em fevereiro estivemos visitando clientes em Itanhaém, onde tiramos fotos na praia, que são as últimas que tenho dele. Ele estava se sentindo bem e muito mais disposto, tinha ganhado peso. Márcio passou a tomar também Unha de Gato (Uncaria tomentosa) e Equinácea (Eqhinaceae angustifolia), que reestabelecem a imunidade, pra estimular o sistema imunológico. Com ele aparentando boa saúde, eu lhe adverti pra que não comunicasse ao infectologista que não estava tomando o antiretrovirais, pois estes médicos tem uma conduta de terrorismo com seus pacientes: “ou você toma o medicamento ou vai morrer”. Susto e terror sobre uma pessoa sensível, torna o medo persistente, e isso traz alterações importantes sobre os linfócitos, as células de defesa. Haverá algum cientista ou pesquisador sério a negar esta constatação?  Talvez haja muitos, mesmo porque a milionária indústria de medicamentos é quem mais se utiliza do terrorismo médico. Apesar de parecer bem, Márcio vivia sob tensão, eu sentia: sob medo de se descobrir recentemente HIV+, e de todas as mudanças que aquela situação lhe representava.

Final de fevereiro, início de março de 2009, Márcio sentiu fortes dores de cabeça e tomou um analgésico. Em poucos dias teve acentuada perda de visão parcial no olho esquerdo, e fotofobia no olho direito. Buscamos por um oftalmologista em Santos, Dr. Marcos Alonso Garcia, que verificou por seus equipamentos que o nervo ótico estava inflamado, o que ocasionava a perda parcial ou total da visão, mas não podia ainda determinar o motivo da inflamação. Como tínhamos insegurança e dúvidas, informei ao Dr. Marcos que Marcio era HIV+ e perguntamos se o problema na visão poderia ser decorrente da perda de imunidade e do vírus. Ele nos instruiu corretamente que sem os exames não saberia apontar a causa da inflamação. Deixei ao Dr. Marcos alguns trabalhos encadernados com relatos e pesquisas em português e inglês do uso do ácido láurico, alternativa que Márcio estava usando no controle do HIV.

O Dr Marcos Alonso prescreveu então um colíro antiinflamatório, e pediu pela realização de exames e por uma internação na Santa Casa de Santos (SCS), apenas pra fazer uma tomografia computadorizada do crânio, e verificar se havia algum comprometimento do sistema nervoso. Confortou-nos que logo em seguida à tomografia, Márcio já seria liberado pra voltar à sua casa.

Dia 11/03 fomos à SCS, onde coletaram o sangue de Márcio pra diversos exames, inclusive hemograma completo e na semana seguinte, dia 18/03, antes de termos os resultados, ele foi internado no setor de oftalmologia da SCS. Márcio foi dirigindo, andava e se alimentava via oral normalmente, estava relativamente forte e disposto, apesar da inflamação na vista. Cruzamos com um amigo na entrada da SCS, o Orlando do Parque Prainha, São Vicente, dono da lan house.

Como Márcio tossia de noite, e informou que já havia tratado tuberculose, dia 20/03 acabaram por transferi-lo pro isolamento, na infectologia, 3º andar ala J, onde ficou num quarto apenas com Marcos Mendes (ex marido de uma propagandista dos antriretrovirais como excelência e qualidade de vida no tratamento do aidético).

Começaram então a lhe fazer uma lavagem cerebral, e ele me pediu ao telefone que lhe levasse os antiretrovirais que ele nunca havia tomado (além dos 3 dias com todas as reações colaterais já relatadas). Lhe disse que não levaria, pois ele não fora internado usando estes medicamentos, e não havia porque ele começar o uso lá dentro sob internação, ainda mais considerando que estava tomando antibióticos (tríplice antituberculose) e antiinflamatório potente (dexametasona). Que se ele quisesse mesmo, pedisse ao seu amigo Wilson que também o acompanhava, que viesse buscar.

Dia 24/03 pedi ao oftalmologista que providenciasse a alta de Márcio, pois ele tinha condições de sair andando assim como estava quando entrou. Cheguei na SCS, pedi a Márcio pra arrumar suas coisas. O infectologista S. F. não permitiu, dizendo com certa irritação:  “Quem é que deu alta ao paciente? "Eu não dei alta ao paciente!"
Respondi: Quem deu alta foi a mesma pessoa que pediu pela internação do paciente, o Dr. Marcos Alonso. E ele, com toda prepotência: “Ele deu alta, mas eu retenho. O paciente não vai ser liberado! A não ser que você assine um termo e se responsabilize pelo tratamento dele.

Fiquei com medo: e se Márcio saísse e perdesse de vez a vista? Esse era um dos medos dele: de perder a visão do outro olho e tornar-se cego. Pois Márcio ficou sob os cuidados do médico, e em 7 dias perdeu a vida.

Wilson não veio em minha casa buscar os remédios, mas os infectologistas passaram por conta própria, por volta do dia 27/03 a administrar os antiretrovirais, dizendo que Márcio havia assinado um termo pra que eu não interferisse em seu tratamento. Aos poucos Márcio foi baqueando no leito, esquecia-se facilmente do que lhe falávamos, tinha cada vez mais dificuldade pra se levantar, parecia estar em câmera lenta, não conseguia mais se alimentar, precisava de apoio pra se levantar na cama. Era outra pessoa em poucos dias com o uso dos antiretrovirais. Até que ele não levantava mais, não se alimentava mais por conta própria e o encheram de sondas e respiração induzida. Dia 31/03, nessas condições ele faleceu. Sendo atestada a causa mortis pela Dra. G. F: “Falência de múltiplos órgãos; tuberculose disseminada; Síndrome da Imuno Deficiência Adquirida.  

Ao ser internado apenas pra fazer uma tomografia computadorizada, um dia antes de completar 30 anos, Márcio Lopes foi vítima da administração conjunta de medicamentos incompatíveis com seu sistema orgânico, indo a óbito em poucos dias após o início da administração do coquetel antiretroviral junto a antibióticos (tríplice antituberculose).

Vítima da ignorância e prepotência de certos profissionais de saúde? (ou melhor chamá-los profissionais da doença...) que são beneficiados com o uso intensivo de certos remédios de uso controlado que se tornaram uma indústria milionária, e sobre os quais parece que não há voz de contestação que se torne audível. Mesmo porque quando morre alguém infectado pelo vírus HIV, torna-se fácil ao infectologista determinar a causa mortis como SIDA ou AIDS.

Quem era Márcio pra Dr S. F., infectologista que tanto se irritava com minha presença?  Nada?...  Ou um ex menino de rua, ex viciado, já que Márcio disse que tinha os pulmões fracos por ter cheirado muita cola quando garoto... Apenas um bandidinho pelas suas tatuagens mal feitas de presídio? Um mendigo pela simplicidade, respeito e humildade?

Márcio, menino homem, mais que drogado, mais que bandido e mais que mendigo, foi um rei que viveu na pobreza e humildade. Ele veio ao mundo pra provar algo e sabia disso. Ele fez um sinal da cruz e do v de vitória em suas últimas fotos em Itanhaém, SP, e até hoje eu choro sua morte e espero um dia poder saldar esta dívida, beneficiando seu filho. Em fevereiro eu havia fechado um contrato de representação e distribuição exclusiva com uma empresa de Alagoas, produtora de óleo de coco extra virgem, além de solicitar após a sua internação à FIOCRUZ, Fundação Instituto Oswaldo Cruz, RJ, a mesma que produz os antiretrovirais brasileiros, que fossem feitas pesquisas comprovando os efeitos anti virais do ácido láurico relatados em lauric.org. Nos dias finais antes de sua morte tentei manter a esperança, e pedi a Márcio que resistisse vivo, prometendo a ele que a distribuição seria feita por ele (ou dependentes), beneficiado-o com o lucro.

Os exames que Márcio fez na Santa Casa de Santos, coleta em 11/03/2010, uma semana antes de ser internado, detectaram a normalização de suas células de defesa, ainda baixas mais normais, com os linfócitos em 1.366/mm³ de sangue, e os infectologistas da SCS não possuíam nem estes dados, muito menos dados específicos de linfócitos CD8 pra o terem convencido a iniciar tratamento antiretroviral.

Com os linfócitos em 200/mm³ no início de 2009, subindo pra 1.366/mm³ no exame de 11/03/2009, sete dias antes de ser internado, quando Márcio andava, falava, comia, bebia, pedalava, dirigia e tinha todas as atividades de uma pessoa normal, exceto pela inflamação no nervo óptico, que foi causada pela própria tuberculose, ou por remédios, mas nunca por baixa resistência imunológica.

Pra normalização (ou quase) das células de defesa, Márcio só usou o ácido láurico natural do óleo de coco extra virgem, a erva Unha de Gato, e investiu em qualidade de vida, com alimentação mais equilibrada, trabalho reduzido e descanso adequado.

Teremos perdido a luta? Márcio ganhou a morte nas mãos dos infectologistas radicalmente pró antiretrovirais. Sim radicais eles, não eu, pois não sou eu aqui a pedir pra que dependentes em antiretrovirais abandonem suas terapias, mas sim eles, infectologistas, que nunca deveriam ter usado antiretrovirais num paciente que não fazia uso destes medicamentos, muito menos em conjunto ao tríplice antituberculose. E deveriam ser menos céticos com as alternativas que Deus e a Natureza nos dispõe.

Mas virei uma piada nos corredores da SCS (Dr. Google), e eles doutores formados, parece que se esqueceram de uma promessa que fizeram a Hipócrates, Pai da Medicina, quando se formaram.

Por um mundo sem estigmatização social, sem drogas e sem violência, escrevo e autentico eu, Andrei Danilo, este relato.

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* A Dra. Mary G. Enig, Ph.D. da Nutritional Sciences Division Enig Associates, Inc. de Silver Spring, Maryland, EUA, é responsável por diversos estudos relatados em lauric.org e autora do capítulo 5 no livro de Ronald R. Watson, “Nutrients and Foods in AIDS” (Lauric oils as antimicrobial agents: theory of effect, scientific rationale, and dietary application as adjunct nutritional support for HIV-infected imdividuals).

sábado, 20 de março de 2010

Abusos da Palavra & Estigmatização Social

Michael Jackson (29/08/1958 a 25/06/2009) & Márcio Lopes dos Reis (19/03/1979 a 31/03/2009): vítimas de estigmatização social e do excesso de medicamentos controlados.


“Desde simples fofoquinhas veiculadas nas esquinas até as manchetes dos jornais de maior vendagem, a prática social de noticiar e tecer julgamentos sobre a vida íntima das pessoas pode ser extremamente lesiva.”


O que matou Michael Jackson? É a questão que a sociedade americana hoje se propõe a responder nestes dias após sua inesperada morte. Depois de uma rápida conclusão que sua morte foi por conta do abuso de medicamentos controlados, já vemos manchetes anunciando que Michael foi vítima do mal uso e quem sabe até da interação de perigosas e potentes drogas. Resposta rápida mas que no fundo apenas deixa a sociedade aliviada com esta causa mortis de faixada, porque transfere toda a responsabilidade de sua morte pro mal uso (abuso) destas drogas pelo próprio Michael e seus médicos. Mas meu questionamento e minhas respostas vão um pouco mais além. O que fez Michael se afundar neste mundo de drogas perigosas? Não são drogas que se prestam a dar algum barato, porque a maior viagem de Michael lhe era lícita, estava na sua imaginação, na sua forma de ver o mundo com olhos infantis, sem maldade, no seu jeito singular de ser, até que a sociedade lhe mostrou uma face que Michael desconhecia, uma face de violência, constrangimento e opressão. E eu queria ver esta mesma sociedade assumir toda sua culpa, assumir o modus operandi de como acabar com a vida de alguém, como matar pouco a pouco uma pessoa, seja um ídolo, um pop star ou um zé mané. Seria bom que a imprensa assumisse sua culpa e veiculasse assim: “toda a mídia começou a matar Michael em conjunto, dando cobertura ampla aos casos de abuso infantil. É sim, a mídia mata, a sociedade mata em conjunto. A fofoca, a intriga, a mentira e a calúnia sejam de efeito local ou dispersadas pela mídia, matam de forma violenta, pouco a pouco o que é pior, mas matam.”

Desde simples fofoquinhas veiculadas nas esquinas até as manchetes dos jornais de maior vendagem, a prática social de noticiar e tecer julgamentos sobre a vida íntima das pessoas pode ser extremamente lesiva. Assim nós matamos Michael Jackson, um de nossos maiores gênios artísticos. Assim a sociedade matou muitos artistas que não tinham condições psicológicas de enfrentar a infâmia, ou a distorção de informações. Seres sacrificados por uma prática social cotidiana e vulgarizada pela mídia, como declarou Jimi Hendrix: “os tempos que eu queimava minha guitarra isso era como um sacrifício. Vocês sacrificam o que amam. Eu amo minha guitarra”.

E a sociedade matou Michael aos poucos, porque ele nasceu pra entreter e não pra ser entretido. Nasceu pra dar prazer mas não podia ter prazer. Hoje seus fãs dizem: ele era inocente, não era pedófilo. E eu afirmo, ele amava meninos, era pedófilo sim, e mais que isso, era um boylover autêntico: amava meninos, não os abusava. Mas a sociedade aprende com malfeitores diversos que pedófilos são monstros que estupram, que seviciam, que mentem, que manipulam. Observando casos de violências reais contra crianças e adolescentes, talvez existam mesmo “monstros” que assim procedem, mas eu hesitaria em chamar de pedófilos aos que cometem mesmo crimes sexuais violentos com menores, porque desta forma a sociedade condena pela ação de uns poucos e raros indivíduos toda uma sexualidade que é mal compreendida, e acaba perseguindo a todos que se interessam, se encantam ou se apaixonam por menores em geral, sejam crianças, sejam adolescentes.

Continuando em meu questionamento, o que matou Michael? O reverso de sua fama: a infâmia maldita. Hoje em dia não há peso pior do que ser acusado de cometer crime sexual contra crianças e adolescentes, e assim Michael padeceu violentamente: foi ao chão com estas acusações, sob todo o peso do assédio e abuso da mídia internacional. Ainda mais pra um astro de seu porte, imaginem a pressão psicológica que é estar sob estas acusações, a de ser o monstro do momento: o pedófilo. Isso tudo gera desde uma insônia persistente que tira aos poucos sua energia vital até uma dor interior que remédio algum pode conter, então eu compreendo que alguém sob estas condições se afunde cada vez mais em drogas. A mente gera dores que remédio algum pode conter. Todo o remédio que Michael precisava não se vende em drogarias. Era o amor, o carinho, a compreensão, companhia, amizade e todo prazer que seus pequenos amigos poderiam lhe oferecer, mas que lhe foram subitamente afastados. Afinal de contas sexo com crianças é sujeira, pecado e crime não é?

Este é o momento em que a sociedade deve parar e se perguntar o que tem feito e o que quer fazer de suas crianças. Que adulto você se tornou e que tipo de adulto você é? Somos adultos produtivos e consumidores vorazes em uma sociedade que abusa de seus próprios indivíduos e de seus recursos naturais à exaustão? Você sentia-se livre quando criança ou sempre pensava que só seria livre quando compreendesse tudo que os adultos lhe ocultavam, inclusive os mistérios do sexo?

Somos robozinhos ou marionetes cansados de nossos afazeres diários, e que procuram um pouco de alimento intelectual, não importando o quanto este desfrute sacrifica um ser humano, se lhe tira aos poucos sua graça e expressão? Somos ou seremos um dia seres humanos livres, que tem sentimentos e idéias próprios, que valorizam e preservam todas as expressões de beleza, seja a complexidade e a singularidade da natureza de cada ser deste planeta, seja um por de sol, uma noite enluarada, o mar sereno ou revolto, seja a nudez de um menino ou a sensualidade de uma ninfeta?

Você se põe a pensar e se lembra de como o sexo era visto quando você era criança? De como nós todos vivemos numa Disneylandia assexuada até nos depararmos com nosso próprio interesse sexual na adolescência? De como as crianças tem sua sexualidade reprimida, ao ponto de sentirem-se constrangidas com este assunto que deveria ser natural? De como uma besta maligna tem usado o sexo pra afastar cada vez mais adultos, adolescentes e crianças como seres de espécies diferentes, e ao mesmo tempo estimula o comportamento violento e psicoses através de filmes, games e isolamento?

Cultuamos a violência, a mentira e a falsidade, assim chegou o momento histórico em que existem crianças que adquirem já na infância toda falsidade que antes só um adulto poderia ter. De fato em muitas crianças acabou-se a inocência, enquanto que em muitos adultos esta ainda consegue ser mantida a altos custos. E o que veio a corromper esta idade dourada não foi o sexo, porque não é o sexo que nos tira a inocência, mas a forma como nós lidamos com nossos próprios desejos e questionamentos. Se usamos de falsidade pra responder a questões essenciais, nossa vida também se reveste de falsidade, e assim a humanidade vive cultuando as mentiras que quer fazer crer como verdadeiras. Se isso traz muito dinheiro pra alguns, pouco importa àqueles a quem a mentira venha a sacrificar. Assim pra suportar a estigmatização social, Michael foi criando sua máscara pra viver, porque só assim conseguia encarar o demônio da falsidade, como artista. Tinha que ser todo o tempo Michael o artista, e esconder a Michael, o ser humano. Mas tudo que ele queria era o que todo ser humano quer: viver com prazer e ser feliz ao lado de seus semelhantes. Todos sonham o paraíso, mas vivendo em mentira cultuamos o inferno.

É um sonho meu, que um dia boylovers do mundo inteiro vistam uma camisa com os dizeres: “Michael, eu sou como você, amo meninos, não os abuso!” assim como Renato Russo um dia afirmou em sua música: “eu gosto de meninos e meninas”. Mas sexo na adolescência continua sendo um tabu; adultos que se envolvem com menores continuam sendo marginalizados e socialmente executados; e as pessoas continuam a confundir relacionamentos consentidos e momentos de prazer desejados e íntimos entre um menor e um adulto com casos de abuso e violência, pois não conseguem imaginar que seus pequenos um dia também despertam pro desejo sexual, e sexo é limpo e maravilhoso quando entre duas pessoas que se amam e se respeitam, pois assim como já disse o poeta, todo amor é sagrado.

Isso é um desabafo neste ano de 2009, quando só me resta lamentar, chorar e enfim protestar desta forma por duas das pessoas que eu muito amava e admirava como seres humanos terem a chama de suas vidas bruscamente apagadas, ambas por abusos dos mais diversos. Abuso de palavras, abuso de medicamentos, abuso de mentiras... E hoje eu compreendo mais do que nunca que a sociedade tem seus métodos próprios pra exterminar vidas, e muitos dos que se julgam santos são demônios na ativa. Por sorte também há almas iluminadas, anjos que vieram e muitas vezes cedo demais se vão.

Michael Jackson e Márcio Lopes dos Reis, vocês são dois anjos guerreiros da luz, e agora eu confio que sua luta prossiga no firmamento, vocês por lá e nós por cá.


***


Andrei Blues Boy, escrito em Julho de 2009


Vídeo foto no YouTube em homenagem a Márcio Lopes dos Reis (Mágico Aladin): http://www.youtube.com/watch?v=eYuwdPpKPo8

quinta-feira, 18 de março de 2010

Falso Denuncismo & Relações Intergeracionais


Na sociedade brasileira, hoje mais do que nunca, confundem-se situações de abuso e de exploração comercial de menores com relacionamentos, assim, até mesmo os relacionamentos inofensivos e legítimos entre adulto-menor tornam-se objeto fácil de denúncias preconceituosas, falsas e criminosas. Denunciar anonimamente é fácil, mas torna-se por vezes atitude irresponsável, e deveria ser crime quando este ato de denunciar se baseia em falsas premissas, preconceito e ignorância, por expor a vida de alguém inocente a uma investigação ou a um inquérito constrangedor, que muitas vezes pode deixar marcas psicológicas tão traumáticas e doloridas quanto as marcas que um abuso real pode deixar, marcas no menor, marcas no adulto, ambos indevidamente expostos.

E porque hoje são perseguidos e denunciados muitos relacionamentos adulto-menor, sendo que na história humana estes sempre foram comuns e tolerados?
Talvez os que se abandonam numa posição passiva e confortável estejam sendo cúmplices e coniventes de um governo cada vez mais dominador, intromissivo e imperialista, com olhos 24 horas apontados pra dentro de todos lares, como previu décadas atrás o genial George Orwell (pseudônimo de Eric Arthur Blair), em sua ficção científica “1984”. Talvez achem mais fácil e conveniente relegar a responsabilidade pela criação de seus filhos a um Estado obeso e ineficiente, pois assim não terão que se auto responsabilizar-se pelos erros cometidos. Apesar da maioria dos abusos sexuais de menores ocorrerem no lar, no quesito relações, o Estado não tem a capacidade nem deve ter passe livre pra interferir na vida íntima de seus cidadãos, a não ser em casos em que é óbvia, casos em que é evidente a violência, o abuso ou a exploração sexual. Os políticos brasileiros não controlam nem suas próprias cuecas, que por vezes trafegam recheadas de dinheiro ilegal, assim não há moral nem condições de que queiram gerir os relacionamentos afetivos sexuais de nossa sociedade. Às crianças (pré-adolescentes) deve haver educação sexual de qualidade, totalmente isenta de preconceitos, pra que elas principalmente possam se resguardar do risco de serem exploradas, abusadas ou violadas, e previnam-se convenientemente dos riscos de que a início de atividade sexual, seja também o início de problemas como dst’s e gravidez precoce, e pra que também não disseminem mais preconceitos como a homofobia, o racismo, o preconceito de classes, o de idades, o bullying, etc.

Olhando pra trás, busquemos a liberdade dos relacionamentos intergeracionais nas raízes da raça humana: dos povos nativos e mais primitivos de nosso planeta até à pederastia na sociedade grega que tanto legou à nossa civilização, onde adultos elegiam adolescentes de 12 a 18 anos como seus erastes (efebos amantes e aprendizes, quando havia o consentimento destes); dos primórdios da história da religião ocidental mais poderosa, o cristianismo, no relacionamento entre José, que desposou a mãe de Jesus, Maria, com 14 anos, até o adulto de nossos tempos que tem um romance com um(a) adolescente menor, é fato histórico que sempre foram e são comuns os relacionamentos afetivos sexuais intergeracionais ou inter-etários entre adolescentes e adultos.

Até a cultura popular brasileira em suas mais premiadas, belas e destacadas expressões enaltecem ao jovem, ao adolescente, ao “amormenino”, tão comum é a paixão de adultos por meninos e meninas adolescentes. A música brasileira mundialmente mais executada de todos os tempos, na composição do imortal Tom Jobim, é uma ode à menina, à “Garota de Ipanema”, e não simplesmente à mulher de Ipanema. E são inúmeras as composições românticas dedicadas a meninas e meninos. Mesmo Raul Seixas, o roqueiro brasileiro mais idolatrado de todos os tempos, mostra de forma explícita em sua composição “Baby”, o apelo de sedução dirigido a uma menina que completa seus 13 anos:

“Baby, hoje cê faz treze anos
vejo seus olhos, seus planos
eu sei que você quer deitar,
não, dar ouvido à razão não!
quem manda é o seu coração”

Numa composição mais atual, “Nosso Sonho”, os funkeiros cariocas Claudinho & Buchecha emocionam ao confessar os impecilhos na realização do sonho, que na canção é viver a paixão com uma menina de 12 anos:

“Nossas emoções eram ilícitas, que apesar das vibrações, proibiu o amor, em nossos corações...”

“Seus 12 aninhos permitem, somente um olhar...”


Observando desde tempos passados mais liberais até o início do que hoje se torna uma paranóia ultraprotecionista que acaba por prejudicar crianças e adolescentes em sua liberdade de expressão afetiva e sexual, transcrevo as palavras do psiquiatra especializado em sexualidade humana, Moacir Costa, no livro “Sexualidade na Adolescência – Dilemas e Crescimento”:

“...o modo de vida dos séculos XV e XVI poderia ser chamado de pró sexual. A sensualidade era praticada, as crianças eram acariciadas e estimuladas pelos próprios pais ou pelas amas, para acalmá-las. Eram normais as relações entre adultos e adolescentes e os contatos pré-conjugais eram institucionalizados. Costumava-se dormir nu e no mesmo quarto; assim os jovens não precisavam ser “esclarecidos”, pois podiam ver, assistir, sentir e aprender com os adultos. Nessa época, o sexo ainda não estava separado do resto da vida e ainda era possível exprimir crua e claramente o que se desejava ou se sentia sexualmente. Por exemplo, o adolescente sabia que tinha necessidade de uma mulher e podia falar disto aos pais. Já no século XIX, ao contrário, exprimir abertamente esta necessidade era sinal de corrupção moral. Era outra, então, a forma de ser do homem no mundo.”

Buscando um pouco nos povos mais primitivos, porém formadores da raça brasileira, num artigo da educadora Jimena Furlani sobre pedofilia e abuso sexual, conclui-se com exemplos de como os povos tribais não atribuem carga negativa a relacionamentos afetivo-sexuais entre adultos e menores, já que esta forma de relação em suas culturas não está associado ao uso de violência e poder, ou seja, não estão condicionados a atos de estupro, abuso, exploração sexual ou prostituição. Assim, o problema maior persiste no valor que nós civilizados damos ao poder e ao dinheiro. Segundo a educadora, foram ou são notados em alguns povos indígenas os seguintes hábitos:

“• Entre as tribos Bororó, na América do Sul, meninas na puberdade (10 aos 14 anos) que não estivessem ainda casadas, poderiam participar de sexo grupal, uma vez que aquela cultura não considerava a idade imprópria, tampouco via a virgindade como uma virtude a ser preservada. A idéia de preservação himenal é, sem dúvida, uma herança ocidental trazida com o Cristianismo.

• Entre os povos indígenas norte-americanos Hopi e Navaho, e entre os indígenas da América do Sul, os Sirionós, Kaingáng e Kubeos, as mães acariciam os genitais dos bebês.

• Entre os Yânomamö (América do Sul), os pais, com freqüência, colocavam a boca na vulva de suas filhas para chupá-las.

• Entre os povos indígenas Sirionós, durante o aleitamento, as mães não somente acariciavam o pênis da criança até que ficassem eretos, como também esfregavam o pênis ereto do filho em sua vulva, do mesmo modo que foram observados homens adultos com ereções parciais enquanto brincavam com os órgãos sexuais de seus filhos. Para os Sirionós, o significado conferido à sexualidade era infinitamente menor do que conferimos em nossa sociedade ocidental. Por serem um povo muito castigado com a escassez de alimentos, passavam a maior parte do seu tempo na busca de comida do que conferindo significados negativos aos seus atos sexuais.

• Entre os Trumai (América do Sul), freqüentemente os meninos iniciam as brincadeiras sexuais com homens adultos e às vezes com seus pais. Raramente esses homens tocam nas crianças, elas, por sua vez, é que costumam puxar o pênis dos adultos.”

Pra muitos algumas das descrições acima podem parecer chocantes, ultrajantes ou imorais, porém a realidade destes povos quando isolados e intocados pelos valores ético religiosos de nossa civilização são muito diferentes dos nossos. Além de não se prenderem ao conceito de posse e poder, até a concepção de tempo e espaço de um povo indígena é muito diferente, e não existe pecado algum no sexo ou brincadeira sexual espontânea e consensual sem violência, pouco importando a diferença de idades.

Saindo deste universo mais primitivo e voltando à realidade brasileira contemporânea, mais próxima e palpável, num caso citado e comentado pelo antropólogo e ativista gay Luiz Mott, em seu ensaio “Pedofilia e Pederastia” vemos um exemplo comum, que bem poderia ocorrer em qualquer lugar do Norte-Nordeste brasileiro:

“...um meu amigo negro baiano contou-me que guarda na lembrança o gesto carinhoso de sua mãe, que costumava beijar e chupar sua “rolinha” quando tinha três ou quatro anos. Até hoje é costume entre velhos nordestinos darem um “cheiro” na genitália de meninos de colo. Gestos inocentes e íntimos, que hoje podem levar seus ingênuos autores às barras do tribunal e até a serem linchados pelos cães de guarda da moral dominante. Tudo isto porque a moral tradicional judaico-cristã considera que a criança não tem direito à sexualidade e imagina que sempre que um adulto se relaciona eroticamente com alguém de menor idade, redundará em violência física e trauma psicológico.”

E mais a frente, segue Mott falando do preconceito em relações sexuais entre adultos e menores adolescentes:

“...criou-se a idéia que sempre que alguém mais velho transa com alguém bem mais novo, necessariamente haverá uma relação de poder, abuso e vitimização do menor de idade. Considero preconceituosa tal idéia, pois há registro de centenas de depoimentos de homossexuais e heterossexuais de que foram eles, quando adolescentes, que tomaram a iniciativa de seduzir pessoas mais velhas para transar, e que tais relações foram conduzidas com carinho e delicadeza, sem necessariamente implicar em traumas físicos e psicológicos para tais adolescentes.”

Partindo de relacionamentos afetivos sexuais autênticos entre adultos e menores, em que os dois lados estão interessados e envolvidos, ou até mesmo de carinhos ocasionais e brincadeiras afetivas com algum caráter erótico, até chegarmos em situações reais de violência, abuso e exploração de menores, existem dimensões às vezes intransponíveis de distância, por serem situações extremamente diferentes, opostas e muitas vezes sem paralelo. Uma denúncia falsa ou feita sem base pode escandalizar e causar prejuízos psicológicos tanto ao adulto quanto ao menor envolvido com este. É certo também que muitas vezes abusos podem maquear-se de relacionamentos consentidos e desejados, sem de fato o serem, sendo assim muito difíceis de serem descobertos, e devem ser investigados sim. Porém alguns dos exemplos acima citados deveriam nos fazer refletir que, pouco importando o nome que se dê ao ato em si,
a beleza na diversidade de relacionamentos humanos em culturas e costumes diferentes deve ser respeitada e preservada, com o mesmo empenho que dedicamos hoje à manutenção das espécies em extinção, na medida em que estes comportamentos mostrem-se comprovadamente inofensivos à vida, à liberdade e aos direitos fundamentais de cada ser humano.

E o preconceito intergeracional ou inter-etário (preconceito de idades), em suas mais diversas formas, deveria ser considerado crime contra toda humanidade que se digne de ser livre, sendo que um destes preconceitos mais comuns é o de usar como exemplo atos de exploração e violência cometidos por adultos contra menores pra fomentar o preconceito de que estes seriam padrões no relacionamento adulto-menor, quando ninguém em sã consciência se basearia em casos iguais (de exploração, abuso, estupro e até assassínio) pra proibir ou desmerecer o relacionamento comum entre heterossexuais ou homossexuais adultos.


Por Andrei Blues Boy


Referências:

George Orwell – “1984”

Moacir Costa – “Sexualidade na Adolescência – Dilemas e Crescimento”

Jimena Furlani - http://www.jimena.net/

Luiz Mott – “Pedofilia e Pederastia”

quarta-feira, 10 de março de 2010

O Cão Ladra

O cão ladra, morderá também?
Sinto medo e estou quase febril.
Mas não devaneio nas palavras que se seguem...

Eu não quero desmerecer o trabalho de ninguém (minha crítica é pra que este trabalho se torne eficiente de fato, atendendo a necessidade do país), mas este homem, vulgo Magno Malta, que se diz “procurador das crianças do Brasil”, em sua luta contra a pedofilia (na ignorância não escolheram um termo mais adequado, que seria o abuso, exploração e prostituição de menores), levanta sim o preconceito nojento e mortal contra todos adultos que se relacionam amorosamente com menores, ainda que de forma consentida, sem prostituição, sem abuso.

Sim, ele repete ter a “Procuração das Crianças do Brasil” continuamente; esse é um dos seus bordões preferidos. E criança, consideram agora, jogando o ECA no lixo, desde o bebê e menininho de 8, ao adolescente de 14-15 anos, jovens estes que no Brasil, bem poucos anos atrás, sempre tiveram relativa liberdade em gerir seus relacionamentos.

Será que os adolescentes ficaram mais burros e despreparados apesar de todas verbas sociais, pra que em nossos tempos não possam eles mesmos gerir seus relacionamentos? Se toda orientação sobre dst’s, gravidez precoce, prostituição, exploração e abuso não são passados ou captados pelos jovens de forma correta, isso é culpa dos adultos e de todo nosso sistema social. Belos tempos estes em que políticos se põe a averiguar as cuecas do povo, se esquecendo dos dólares roubados da nação que trafegaram e trafegam nas suas! Deve ser infinitamente mais divertido a estes cães se porem de juizes da nação. Aindo espero um novo tempo, meu tempo de ser feliz e de ter liberdade pra amar. E de fato este ainda não é o momento...

Terá realmente este senador a procuração que clama ter? Não, eu realmente não quero ver seu laptop com fotos de jovens torturadas, bebês estuprados ou criancinhas seviciadas. Não me interessa esse tipo de lixo. Eu guardo apenas aquilo que acho belo ou considerável, não vivo pra denunciar ou perseguir ninguém, e ainda sem desfazer de todo seu trabalho não posso negar que fotos chocantes são uma forte arma, pra que você Malta consiga seus objetivos, e a população acate suas solicitações e o tenha como Santo Político do Fim dos Tempos. Pra mim, você é um cão que ladra, poderoso sim, mas espero em Deus que não me morda, mais mordido que já estou.

Senador, eu fui criança, e você nunca teria a minha procuração, nem quando criança, muito menos agora. Sou sim, ao seu lado, contra adultos que estupram, seviciam crianças em um ambiente de dependência familiar, prostituem menores, e os usam. Mas eu fui criança, e quando menino me apaixonei por outros meninos, algumas vezes. Eu sofri com isso, todo o preconceito que alguém pode sofrer por se sentir diferente, excluído e marginalizado.

Hoje sou adulto, e continuo amando meninos, me apaixono por eles. E por suas ações e de outros, me tornei um dos monstrinhos do momento. Pelo estudo que fiz de nossas leis, eu sou livre pra construir meus relacionamentos amorosos com um menor, desde que ele queira isso, tenha 14 anos ou mais, eu não o esteja prostituindo, abusando ou o explorando sexualmente, e os pais não proibam o menor.


Mas parece que a mídia que o tem como benemérito da nação, convenientemente não mostra isso de forma explícita à população. Não interessa né! É muito melhor vender, ter audiência, não importando quantas pessoas estão sendo indevidamente escandalizadas e quantas vidas sejam destruidas. É triste que qualquer adulto que hoje se relacione com um adolescente, podendo ser o caso de amor mais lindo do mundo, é tachado indevidamente como pedófilo e pervertido sexual. É triste que pessoas tenham suas vidas devoradas, mastigadas, cuspidas ou vomitadas por jornalistas sem escrúpulos, policiais e agentes do governo num fast food insano de vidas humanas.

Eu sei senador, que isso em grande parte é culpa sua, e do seu fantoche devorador de pizzas, vulgo Datena, o campeão das matérias de pedofilia, mestre de audiência.

Deveriam ser processados, isso sim, por mim e por todos que sofreram abusos pelas ações dessa mídia perversa, de uma polícia despreparada e sem noção, e por agentes tutelares homófobos e precoceituosos. Vocês deveriam saber que todos preconceitos são crime, tanto de raças, o social, o sexual, o de idades, e os demais. Mas você não quer nem ouvir esta palavra não é?! Preconceito... Por isso você vive discursando contra o Projeto Lei Antihomofobia. Afinal, nas suas contas de santo religioso, homossexuais são pervertidos e querem perverter a toda raça humana, crianças e adultos.

Aceitaria um conselho de um adulto-criança que foi mordido e ferido pelo fanatismo de suas ações? Assista ao filme francês “La Vie En Rose”, e quem sabe um dia você aceita que crianças às vezes são diferentes, se atraem pelo mesmo sexo desde a tenra idade, pois já nasceram diferentes.

Depois assista ao filme autobiográfico “For A Lost Soldier”, e quem sabe você também aprende que meninos e homens às vezes se apaixonam e constroem um relacionamento diferente, e que não devem ser marginalizados ou socialmente executados por isso.

Quem sabe você assim aprende a lutar pela diferenciação e defesa de minorias reprimidas, mas não perversas.

Quem sabe um dia você aceita também que não são só alguns adultos diferentes a se interessar por mais jovens, mas também muitos menores, igualmente se atraem afetiva e sexualmente por pessoas mais velhas, e não fosse a repressão social instalada beirando o caos, viveriam seus relacionamentos em paz. E que nem todos adultos que se interessam e se apaixonam por menores são tarados abusadores, sem ética e noção, doidos apenas por uma relação sexual e perverter um inocente a mais.

Quem sabe um dia você e seu fantoche, o sapo linguarudo Datena, viram pessoas de bem, e daí terei prazer em cumprimentá-los (de longe é claro, pra não ferir-me com a mordida de um ou com a língua de outro).

Por favor, não me morda de novo... Não destrua minha vida. Eu não sou poderoso como vocês, mas Deus me ouve quando eu choro.




Texto por Andrei Blues Boy (Comunidade Anti Preconceito Inter Etário do orkut), dezembro de 2009.