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quarta-feira, 12 de maio de 2010

Abusos da Palavra & Estigmatização Social (Parte 2)


Quem foi Márcio Lopes dos Reis, 
o “Mágico Aladin” de São Vicente?

Vídeo foto em homenagem ao inesquecível amigo e irmão, Márcio Lopes dos Reis do Parque Prainha (19/03/1979 a 31/03/2009).

 

Aquele moleque, sobrevive como manda o dia-a-dia, 
Tá na correria, como vive a maioria, 
Preto desde nascença, escuro de sol, 
Eu tô pra ver ali igual, no futebol, 
Sair um dia das ruas é a meta final 
Viver decente, sem ter na mente o mal. 
(Racionais Mc’s) 

Márcio Lopes dos Reis, nome do homem-menino, menino de rua vindo do centro de São Paulo, ex-detento, meu melhor amigo, meu sócio em minha pequena empresa, pessoa sempre esforçada em progredir, trabalhar e crescer, honesto e digno, grande homem. Sempre ao meu lado na labuta, como estoquista, recebendo mercadoria pra empresa, conferindo, organizando, separando pedidos, e como motorista mantendo o carro em funcionamento, fazendo as entregas, saindo comigo nas visitas aos clientes de uma a duas vezes por semana e fazendo ocasionalmente pagamentos no banco. Já como pai, separado de Juliana, estava constantemente preocupado em conseguir a estabilidade necessária, pra oferecer ao seu filho Ray uma vida decente e digna, diferente da que teve quando criança pelas ruas. Estabilidade esta que infelizmente ainda não havíamos conquistado, em menos de 5 anos de atividades da empresa.

Seria lembrar pra chorar, ver alguém que eu muito amo partindo, e pra sempre. Um caminho sem volta, rumo à Deus. De menino adolescente quando o conheci, eu vi este garoto crescer, tornar-se homem, tornar-se pai, e eu o vi morrer. Ainda um menino, menino-homem, a gente sente no coração, lê nos olhos, os valores e os sentimentos que as pessoas trazem consigo.

Se permitem ao poeta, ao louco visionário, mas são e íntegro que sou, de tristeza ele se deixou levar: os estigmas do HIV e da AIDS são dos piores já construídos sobre a humanidade, e palavras matam sim. Mentiras matam aos poucos. Misture eficientemente mentiras e verdades, e não há quem desvende essa trama.  

A estigmatização social pela qual passa uma pessoa que se descobre infectada pelo HIV é mortal. Certamente que há o vírus HIV e ele ataca sim o sistema de defesa humano, mas a ação dele só começa a se efetivar e causar danos após a perda destas defesas orgânicas.

E se há um fato que parece ser negligenciado por muitos médicos é o de que nossas células de defesa, os linfócitos, são extremamente sensíveis à alegria e à tristeza. São comprovados os aumentos de linfócitos em pacientes tratados com antidepressivos naturais, como a Erva de São João (Hypericum perforatum), entretanto erva oficialmente contraindicada a pacientes em terapia antiretroviral (nome dado aos coquetéis químicos que impedem a reprodução do vírus HIV). Mas é certo que de tristeza, isolamento e depressão, compõe-se o cenário onde a morte ronda.

Entre o final de 2008 e janeiro de 2009, Márcio sem saber, já estava enfim com sua contagem de linfócitos totais muito baixa, cerca de 200/mm³ de sangue. Quantidade que torna qualquer pessoa sujeita a ver evoluir como ameaça ao seu corpo, as mais simples infecções. Em seu organismo sem defesa eficiente, desenvolveu-se uma simples candidíase, que se alastrou até o esôfago e estômago, de forma que ele sentia dor e ardência até ao beber água. Não conseguia mais se alimentar direito, e apesar de ter fome, foi emagrecendo aos poucos. Quando muito magro, mal conseguindo se movimentar de fraqueza, resolveu enfim ir à uma unidade de saúde, onde fez um teste rápido, o Elisa, que constatou o vírus HIV.

Lhe acompanhei a um infectologista de São Vicente, que pediu um teste de contagem de linfócitos CD8, mas vendo sua situação, linfócitos totais baixos + candidíase avançada,  prudentemente já lhe prescreveu de imediato o uso de antiretrovirais, mais um antibiótico pra candidíase.

Márcio insistia ao médico que tossia muito a noite e que já havia se tratado de tuberculose nos anos anteriores, assim o médico pediu um exame PPD pra verificar se havia recidiva da tuberculose, que acabou não constatando nada. Lhe deram os medicamentos prescritos, e o instruíram quanto ao uso, de forma rápida.

Paralelamente, após janeiro de 2009, quando descobri que ele temia pelo HIV, passei a estudar mais a fundo tudo que podia sobre o tema pela internet. Como sempre fui meio desconfiado com relação ao coquetel (antiretrovirais), aconselhei-o a não tomar, pois provocavam dependência orgânica, inúmeros efeitos colaterais, causando até outras doenças e disfunções orgânicas com o tempo, segundo a própria bula. E busquei por alternativas naturais, pesquisando a fundo nos trabalhos da Dra. Mary G. Enig* e no site lauric.org, a maior autoridade mundial no uso do ácido láurico no HIV e em diversas doenças, e checando diversas evidências positivas de que este ácido graxo dissolveria a membrana lipídica que envolve o vírus HIV, tornando-o inofensivo ao sistema imunológico humano.

Márcio levou os antiretrovirais pra sua casa, e temendo por seu estado de saúde deteriorado, passou a tomá-los todos, seguindo as prescrições médicas. Porém não conseguiu dar continuidade: entre os dias 28 a 31/01/2009, tomando os remédios prescritos, Márcio sentia-se muito mal, com urina retida (levando muito tempo pra conseguir urinar pouco), formigamentos pelo corpo, cansaço, fraqueza, veias dilatadas na cabeça, etc. Assim uma noite, 1-2 dias após começar o uso dos antiretrovirais, me chamou em sua casa e comunicou que resolveu suspender o uso do coquetel, ao que lhe dei meu apoio, continuando o uso do antibiótico pra candidíase.

Convenci-o a iniciar um período de experiência com o ácido láurico presente naturalmente no óleo de coco extra virgem (quase 40% de sua composição). Dose diária: 3 a 4 colheres de sopa do óleo natural diluídos no alimento, ou puras conforme melhor aceitação, que somam cerca de 20 ml de ácido láurico em 50 ml de óleo.

Em poucos dias, com a candidíase recuando, Márcio voltou a se alimentar e a se fortalecer, comprou uma bicicleta e passamos a sair por vezes pedalando. Aos poucos voltamos também à rotina de trabalho externo, saindo de uma a três vezes por semana de carro. Ele tomava diariamente pelo menos 3 colheres de sopa do óleo de coco, e eu também adicionava em vitaminas de frutas nos dias em que saíamos pra trabalhar.

Em fevereiro estivemos visitando clientes em Itanhaém, onde tiramos fotos na praia, que são as últimas que tenho dele. Ele estava se sentindo bem e muito mais disposto, tinha ganhado peso. Márcio passou a tomar também Unha de Gato (Uncaria tomentosa) e Equinácea (Eqhinaceae angustifolia), que reestabelecem a imunidade, pra estimular o sistema imunológico. Com ele aparentando boa saúde, eu lhe adverti pra que não comunicasse ao infectologista que não estava tomando o antiretrovirais, pois estes médicos tem uma conduta de terrorismo com seus pacientes: “ou você toma o medicamento ou vai morrer”. Susto e terror sobre uma pessoa sensível, torna o medo persistente, e isso traz alterações importantes sobre os linfócitos, as células de defesa. Haverá algum cientista ou pesquisador sério a negar esta constatação?  Talvez haja muitos, mesmo porque a milionária indústria de medicamentos é quem mais se utiliza do terrorismo médico. Apesar de parecer bem, Márcio vivia sob tensão, eu sentia: sob medo de se descobrir recentemente HIV+, e de todas as mudanças que aquela situação lhe representava.

Final de fevereiro, início de março de 2009, Márcio sentiu fortes dores de cabeça e tomou um analgésico. Em poucos dias teve acentuada perda de visão parcial no olho esquerdo, e fotofobia no olho direito. Buscamos por um oftalmologista em Santos, Dr. Marcos Alonso Garcia, que verificou por seus equipamentos que o nervo ótico estava inflamado, o que ocasionava a perda parcial ou total da visão, mas não podia ainda determinar o motivo da inflamação. Como tínhamos insegurança e dúvidas, informei ao Dr. Marcos que Marcio era HIV+ e perguntamos se o problema na visão poderia ser decorrente da perda de imunidade e do vírus. Ele nos instruiu corretamente que sem os exames não saberia apontar a causa da inflamação. Deixei ao Dr. Marcos alguns trabalhos encadernados com relatos e pesquisas em português e inglês do uso do ácido láurico, alternativa que Márcio estava usando no controle do HIV.

O Dr Marcos Alonso prescreveu então um colíro antiinflamatório, e pediu pela realização de exames e por uma internação na Santa Casa de Santos (SCS), apenas pra fazer uma tomografia computadorizada do crânio, e verificar se havia algum comprometimento do sistema nervoso. Confortou-nos que logo em seguida à tomografia, Márcio já seria liberado pra voltar à sua casa.

Dia 11/03 fomos à SCS, onde coletaram o sangue de Márcio pra diversos exames, inclusive hemograma completo e na semana seguinte, dia 18/03, antes de termos os resultados, ele foi internado no setor de oftalmologia da SCS. Márcio foi dirigindo, andava e se alimentava via oral normalmente, estava relativamente forte e disposto, apesar da inflamação na vista. Cruzamos com um amigo na entrada da SCS, o Orlando do Parque Prainha, São Vicente, dono da lan house.

Como Márcio tossia de noite, e informou que já havia tratado tuberculose, dia 20/03 acabaram por transferi-lo pro isolamento, na infectologia, 3º andar ala J, onde ficou num quarto apenas com Marcos Mendes (ex marido de uma propagandista dos antriretrovirais como excelência e qualidade de vida no tratamento do aidético).

Começaram então a lhe fazer uma lavagem cerebral, e ele me pediu ao telefone que lhe levasse os antiretrovirais que ele nunca havia tomado (além dos 3 dias com todas as reações colaterais já relatadas). Lhe disse que não levaria, pois ele não fora internado usando estes medicamentos, e não havia porque ele começar o uso lá dentro sob internação, ainda mais considerando que estava tomando antibióticos (tríplice antituberculose) e antiinflamatório potente (dexametasona). Que se ele quisesse mesmo, pedisse ao seu amigo Wilson que também o acompanhava, que viesse buscar.

Dia 24/03 pedi ao oftalmologista que providenciasse a alta de Márcio, pois ele tinha condições de sair andando assim como estava quando entrou. Cheguei na SCS, pedi a Márcio pra arrumar suas coisas. O infectologista S. F. não permitiu, dizendo com certa irritação:  “Quem é que deu alta ao paciente? "Eu não dei alta ao paciente!"
Respondi: Quem deu alta foi a mesma pessoa que pediu pela internação do paciente, o Dr. Marcos Alonso. E ele, com toda prepotência: “Ele deu alta, mas eu retenho. O paciente não vai ser liberado! A não ser que você assine um termo e se responsabilize pelo tratamento dele.

Fiquei com medo: e se Márcio saísse e perdesse de vez a vista? Esse era um dos medos dele: de perder a visão do outro olho e tornar-se cego. Pois Márcio ficou sob os cuidados do médico, e em 7 dias perdeu a vida.

Wilson não veio em minha casa buscar os remédios, mas os infectologistas passaram por conta própria, por volta do dia 27/03 a administrar os antiretrovirais, dizendo que Márcio havia assinado um termo pra que eu não interferisse em seu tratamento. Aos poucos Márcio foi baqueando no leito, esquecia-se facilmente do que lhe falávamos, tinha cada vez mais dificuldade pra se levantar, parecia estar em câmera lenta, não conseguia mais se alimentar, precisava de apoio pra se levantar na cama. Era outra pessoa em poucos dias com o uso dos antiretrovirais. Até que ele não levantava mais, não se alimentava mais por conta própria e o encheram de sondas e respiração induzida. Dia 31/03, nessas condições ele faleceu. Sendo atestada a causa mortis pela Dra. G. F: “Falência de múltiplos órgãos; tuberculose disseminada; Síndrome da Imuno Deficiência Adquirida.  

Ao ser internado apenas pra fazer uma tomografia computadorizada, um dia antes de completar 30 anos, Márcio Lopes foi vítima da administração conjunta de medicamentos incompatíveis com seu sistema orgânico, indo a óbito em poucos dias após o início da administração do coquetel antiretroviral junto a antibióticos (tríplice antituberculose).

Vítima da ignorância e prepotência de certos profissionais de saúde? (ou melhor chamá-los profissionais da doença...) que são beneficiados com o uso intensivo de certos remédios de uso controlado que se tornaram uma indústria milionária, e sobre os quais parece que não há voz de contestação que se torne audível. Mesmo porque quando morre alguém infectado pelo vírus HIV, torna-se fácil ao infectologista determinar a causa mortis como SIDA ou AIDS.

Quem era Márcio pra Dr S. F., infectologista que tanto se irritava com minha presença?  Nada?...  Ou um ex menino de rua, ex viciado, já que Márcio disse que tinha os pulmões fracos por ter cheirado muita cola quando garoto... Apenas um bandidinho pelas suas tatuagens mal feitas de presídio? Um mendigo pela simplicidade, respeito e humildade?

Márcio, menino homem, mais que drogado, mais que bandido e mais que mendigo, foi um rei que viveu na pobreza e humildade. Ele veio ao mundo pra provar algo e sabia disso. Ele fez um sinal da cruz e do v de vitória em suas últimas fotos em Itanhaém, SP, e até hoje eu choro sua morte e espero um dia poder saldar esta dívida, beneficiando seu filho. Em fevereiro eu havia fechado um contrato de representação e distribuição exclusiva com uma empresa de Alagoas, produtora de óleo de coco extra virgem, além de solicitar após a sua internação à FIOCRUZ, Fundação Instituto Oswaldo Cruz, RJ, a mesma que produz os antiretrovirais brasileiros, que fossem feitas pesquisas comprovando os efeitos anti virais do ácido láurico relatados em lauric.org. Nos dias finais antes de sua morte tentei manter a esperança, e pedi a Márcio que resistisse vivo, prometendo a ele que a distribuição seria feita por ele (ou dependentes), beneficiado-o com o lucro.

Os exames que Márcio fez na Santa Casa de Santos, coleta em 11/03/2010, uma semana antes de ser internado, detectaram a normalização de suas células de defesa, ainda baixas mais normais, com os linfócitos em 1.366/mm³ de sangue, e os infectologistas da SCS não possuíam nem estes dados, muito menos dados específicos de linfócitos CD8 pra o terem convencido a iniciar tratamento antiretroviral.

Com os linfócitos em 200/mm³ no início de 2009, subindo pra 1.366/mm³ no exame de 11/03/2009, sete dias antes de ser internado, quando Márcio andava, falava, comia, bebia, pedalava, dirigia e tinha todas as atividades de uma pessoa normal, exceto pela inflamação no nervo óptico, que foi causada pela própria tuberculose, ou por remédios, mas nunca por baixa resistência imunológica.

Pra normalização (ou quase) das células de defesa, Márcio só usou o ácido láurico natural do óleo de coco extra virgem, a erva Unha de Gato, e investiu em qualidade de vida, com alimentação mais equilibrada, trabalho reduzido e descanso adequado.

Teremos perdido a luta? Márcio ganhou a morte nas mãos dos infectologistas radicalmente pró antiretrovirais. Sim radicais eles, não eu, pois não sou eu aqui a pedir pra que dependentes em antiretrovirais abandonem suas terapias, mas sim eles, infectologistas, que nunca deveriam ter usado antiretrovirais num paciente que não fazia uso destes medicamentos, muito menos em conjunto ao tríplice antituberculose. E deveriam ser menos céticos com as alternativas que Deus e a Natureza nos dispõe.

Mas virei uma piada nos corredores da SCS (Dr. Google), e eles doutores formados, parece que se esqueceram de uma promessa que fizeram a Hipócrates, Pai da Medicina, quando se formaram.

Por um mundo sem estigmatização social, sem drogas e sem violência, escrevo e autentico eu, Andrei Danilo, este relato.

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* A Dra. Mary G. Enig, Ph.D. da Nutritional Sciences Division Enig Associates, Inc. de Silver Spring, Maryland, EUA, é responsável por diversos estudos relatados em lauric.org e autora do capítulo 5 no livro de Ronald R. Watson, “Nutrients and Foods in AIDS” (Lauric oils as antimicrobial agents: theory of effect, scientific rationale, and dietary application as adjunct nutritional support for HIV-infected imdividuals).

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